Nascer não é começar. Morrer não é acabar.

(...) Afeiçoei-me à terra e aqui fiquei. Nunca ganhei nem perdi dinheiro no jogo, porque nunca joguei; nunca ganhei rios de dinheiro nem cousa que com isso parecesse, porque, além de outras razões, em Macau rios de dinheiro, honestamente, ninguém pode ganhar. Mas consegui amealhar o bastante para viver modestamente e tem-me Macau, a China e amigos chineses proporcionado meios de satisfazer as minhas necessidades intelectuais. Nunca me intrometi em irritantes questões políticas ou administrativas; nunca me foi oferecido lugar algum de benesses ou honrarias, nem solicitei, nem ambicionei. E, assim, e posto que tenha sido, em regra, tratado com menos consideração do que muitos que nem sequer seus deveres têm cumprido, tenho vivido contente."                           Manuel da Silva Mendes, 1931

Manuel da Silva Mendes (23 de Outubro de 1867 São Miguel das Aves - 30 de Dezembro de 1931 Macau), foi um dos intelectuais mais representativos da história de Macau no primeiro quartel do século XX.  De espírito multifacetado, foi professor e reitor do Liceu de Macau, advogado, juiz, filósofo, político, sinólogo, escritor, cronista... Teve ainda tempo para se dedicar ao estudo da filosofia taoísta e da arte chinesa, como erudito e coleccionador.